quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Encontrar a Pessoa Certa - Pe. Fábio de Melo

"Não existe o amor perfeito. Existe sim, a pessoa ideal.
Como encontrar essa pessoa? Se eu encontrá-la na rua, como saberei que é a pessoa certa?
Escrito na testa não vai estar, não. A diferenciação que eu quis dizer não era bem essa, não.
Eu digo que não há a pessoa ideal. Existe a pessoa certa.
Eu digo que amor perfeito só existe no jardim: é aquela florzinha miudinha que tem. É o único amor perfeito que existe, o resto, não.
Conceito de perfeição na nossa cabeça, às vezes é muito triste. Perfeito é aquilo que tá tudo pronto, acabado. É o conceito grego que nós herdamos. Sabe-se que a cultura ocidental é muito baseada (muito baseada), no conceito grego. E o conceito de perfeição da cultura grega veio para nós: perfeito é tudo aquilo que tá pronto, acabado, não tem defeitos. E não é bem assim.
Por isso que esse amor nós nunca vamos encontrar. Amor perfeito é aquele que não tem defeito. Então esse não existe. Todo amor tem que ter defeito, se não, não é amor. O amor é justamente a junção de qualidades e limites, como é que vai ser amor perfeito?
Ai, quando eu falo, muitas pessoas na busca desse amor perfeito começam a idealizar as pessoas. Então ficam idealizado o namorado "ah, o homem ou a mulher da minha vida... sei lá, ela é perfeita". Essa pessoa não existe. Existe a pessoa certa. Aquela que tem defeitos e qualidades, você faz a matemática e descobre que vale a pena ficar ao lado dela.
Como é que você vai descobrir? A medida que você conhecer. Porque o conhecimento é que autoriza você dizer que quer aquela pessoa ou não. Por isso que eu não acredito em amor fulminante, paixão à primeira vista. Cuidado com isso.

Amor à primeira vista pode se tornar em engano à primeira vista, desgraça à primeira vista, tudo é uma questão de tempo. Então tem que tomar muito cuidado.
A gente só sabe que ama uma pessoa à medida em que a gente conheceu, à medida em que a gente esbarrou nos limites daquela pessoa. E nas qualidades.
Casar com uma realidade idealizada é muito perigosa. Inclusive no livro "Quem me Roubou De Mim", o seqüestro da subjetividade, eu falo muito disso. Há muitos casamentos que se desfazem no momento que as pessoas se conhecem. Estão casados há mais de trinta anos, mas foram se conhecer ali, nesse processo de trinta anos. E às vezes você descobre que achou que casou com um príncipe, mas ele não era nada mais nada menos que um sapo. E aí, o que fazer com esse sapo? E muitas vezes nesses processo muito rápido e artificial do namoro, as pessoas acabam levando pro altar o sapo, achando que é um príncipe.

É bom que você saiba que a amor perfeito não existe. A pessoa ideal, ela não existe. E ela não tem a obrigação de ser aquilo que você queria que ela fosse.
"Ai, me decepcionei com você". Que ótimo!! Eu acho ótimo quando alguém fala que se decepcionou comigo, porque pelo menos agora eu sou livre.

A coisa mais triste que tem é a gente ficar amarrado naquilo que o outro imaginou da gente. A gente ficar amarrado naquilo que o outro quer que a gente seja. Deus me livre! E tem gente que não tem coragem de contar a verdade. Vai mentindo, mentindo, fingindo, fingindo, porque quer ser que o outro imaginou. Mas chega um momento que não dá conta. Não dá conta mesmo!
O processo de idealização das pessoas é um processo desastroso, às vezes você se casou com um homem que você imaginou, não com o que você encontrou. Fechou os olhos pra tudo que precisava enxergar e acabou levando pro altar um homem de plástico. Ele não é de plástico, ele não tem obrigação de ser de plástico. Casou com esta pessoa? Está namorando esta pessoa? Comece a descobrir tudo o que ela tem, pra depois você não dizer que você foi enganado.

E olha, nessa superficialidade que está cada vez mais comum nos dias de hoje, está cada vez mais difícil conhecer as pessoas, porque falta oportunidade para conhecer.
Minha gente, os ambientes que muitas vezes a gente freqüenta, onde os namoros começam, não são ambientes favoráveis ao conhecimento. Você vai pra essas baladas, pra essas micaretas e sei lá o quê (tem umas baladas que começa meio-dia e termina três dias depois), como é que você vai ter a oportunidade de conhecer uma pessoa dentro de um contexto desse? Alio máximo que vai acontecer é uma paquera, um interesse muito superficial. Não tô dizendo que esse amor não pode dar certo. O que eu estou dizendo é que, se não passa o barulho da micareta, se não passa o barulho da balada, se não tira a maquiagem, se não desce do salto, se não tira a gravata (gravata não se usa na balada, né?), se não tira a roupa da balada da vestir a roupa do dia-a-dia, e a gente olhar o outro com naturalidade, sem toda essa maquiagem e aí sim que a gente vai saber se o outro pode fazer parte da nossa vida".



// Organizando a minha vida...

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